Entre a grota e a praia, a morte tá no ar
Geysson Santos
Entre
a grota e a praia, a morte tá no ar
Entre
prédio e barraco é embaçado evitar
O
chão de terra e o asfalto seguindo a merma linguagem
Se
viver é a meta, nois ignora as bobagem
Que
tá sendo falada por quem detém o poder
Fascista
comprovado, consegue nem debater
Conhecemos
perrengue, desde o corte umbilical
Fortalecer
a quebrada pra nóís é fundamental
Pq
aqui é esquecido e é onde mora o risco
Então
arrisco, invisto e me sujeito aos perigo
Fazendo
os corres que o estado nos nega
Tá
todo mundo sofrendo, mas nossa morte num agrega
Em
terra de apatheid, escolhe quem tem leito
Mas
se for pobre e preto, nem consideram sujeito
Inimigo
invisível é calamidade total
Tamo
pagando o preço por não ter hospital
Nem
garantem comida, pra matar de fome
No
atestado de óbito? Nem anota o nome
Preencher
estatísticas sempre foi nossa vida
Por
isso querem os negão, que é pra testar tuas vacina
Com
campanha da morte em discurso oficial
Diz
que vai morrer gente.. se for preto? Normal
Essas
idéias não cola, desobedecer pra viver
Se
é só gripezinha, então fora você.
Geysson
Santos
Graduando
em História, na Universidade Estadual de Alagoas, rapper e militante. Iniciou
sua caminhada na música em 2011, em seguida, ao conhecer o Coletivo Cia Hip
Hop, passou a ter engajamento em atividades numa perspectiva sociocultural,
atuando principalmente no Village Campestre. Foi a partir dessa atuação, que
aproximou-se de uma perspectiva política, provocando a Cia Hip Hop a refletir acerca
da conjuntura politica local/nacional e propor respostas diretas. Nesse
sentido, colaborou para a criação da Frente Alagoana de Hip Hop, em 2014, uma
iniciativa que reuniu diversas lideranças periféricas, posses e coletivos de
Hip Hop de todo Estado. Além disso, ministrou oficinas de “Rap, poesia e
letramento” para crianças e jovens da comunidade Cidade Sorriso, no Benedito
Bentes, instigando e contribuindo para a expansão do rap nas periferias da
capital, além de construir alternativas educacionais dentro da periferia. Já
transitou em diversas cidades e Estados para participação em seminários e
palestras, apresentando reflexões políticas construídas em sua vivência durante
sua trajetória. Construir uma narrativa negra, alagoana e periférica tem sido
sua principal característica desde seu engajamento na militância, dessa forma,
contribuir para a construção de uma nova sociedade.
Projeto Memória da
Pandemia nas Alagoas
Coordenação
Luiz Sávio de Almeida
e José Carlos Silva de Lima
O blog pode concordar
ou não, em parte e no todo, com a matéria publicada
Esta série é coordenada por Will Grind
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