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segunda-feira, 4 de maio de 2020

Geysson Santos. Entre a grota e a praia, a morte tá no ar. Memória da pandemia nas Alagoas (XXVIII)




Entre a grota e a praia, a morte tá no ar
Geysson Santos 


Entre a grota e a praia, a morte tá no ar
Entre prédio e barraco é embaçado evitar
O chão de terra e o asfalto seguindo a merma linguagem
Se viver é a meta, nois ignora as bobagem
Que tá sendo falada por quem detém o poder
Fascista comprovado, consegue nem debater
Conhecemos perrengue, desde o corte umbilical
Fortalecer a quebrada pra nóís é fundamental
Pq aqui é esquecido e é onde mora o risco
Então arrisco, invisto e me sujeito aos perigo
Fazendo os corres que o estado nos nega
Tá todo mundo sofrendo, mas nossa morte num agrega
Em terra de apatheid, escolhe quem tem leito
Mas se for pobre e preto, nem consideram sujeito
Inimigo invisível é calamidade total
Tamo pagando o preço por não ter hospital
Nem garantem comida, pra matar de fome
No atestado de óbito? Nem anota o nome
Preencher estatísticas sempre foi nossa vida
Por isso querem os negão, que é pra testar tuas vacina
Com campanha da morte em discurso oficial
Diz que vai morrer gente.. se for preto? Normal
Essas idéias não cola, desobedecer pra viver
Se é só gripezinha, então fora você.

Geysson Santos
Graduando em História, na Universidade Estadual de Alagoas, rapper e militante. Iniciou sua caminhada na música em 2011, em seguida, ao conhecer o Coletivo Cia Hip Hop, passou a ter engajamento em atividades numa perspectiva sociocultural, atuando principalmente no Village Campestre. Foi a partir dessa atuação, que aproximou-se de uma perspectiva política, provocando a Cia Hip Hop a refletir acerca da conjuntura politica local/nacional e propor respostas diretas. Nesse sentido, colaborou para a criação da Frente Alagoana de Hip Hop, em 2014, uma iniciativa que reuniu diversas lideranças periféricas, posses e coletivos de Hip Hop de todo Estado. Além disso, ministrou oficinas de “Rap, poesia e letramento” para crianças e jovens da comunidade Cidade Sorriso, no Benedito Bentes, instigando e contribuindo para a expansão do rap nas periferias da capital, além de construir alternativas educacionais dentro da periferia. Já transitou em diversas cidades e Estados para participação em seminários e palestras, apresentando reflexões políticas construídas em sua vivência durante sua trajetória. Construir uma narrativa negra, alagoana e periférica tem sido sua principal característica desde seu engajamento na militância, dessa forma, contribuir para a construção de uma nova sociedade.



Projeto Memória da Pandemia nas Alagoas
Coordenação
Luiz Sávio de Almeida e José Carlos Silva de Lima
O blog pode concordar ou não, em parte e no todo, com a matéria publicada
Esta série é coordenada por Will Grind
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