Eu e o isolamento social
Adriana da Conceição Nascimento
Graduada em História – UFAL
Especialista em Ensino de História – UFAL
Professora de História do Ensino Básico em Viçosa.
Alguns meses atrás, ninguém
imaginava que estaríamos passando por momentos como estes. A vida tomou rumo
diferente daquilo que muitos programaram. Muitos estavam de viagem marcada, calendário
organizado, planejamento em dia. Assim eu também estava, começando 2020
confiante, cheia de perspectivas, mas tudo tomou caminho diferente, a partir da
pandemia do Coronavírus que expandiu-se de modo rápido, causando
estrago sem reparos na humanidade.
Hoje, diante de tudo que escuto e vejo, me deparo
com a seguinte reflexão: nós, seres
humanos, somos frágeis de todas as formas.
Vejo-me em meio a tudo isso de forma atenta,
perguntando quando teremos nossas vidas normalizadas. Eu vejo o isolamento social
como um caminho para nos ensinar a refletir sobre as condições emocionais que
estamos vivendo. Aderir ao isolamento social não é sacrifício para mim, como é
para muitos, até porque não faço muita questão de sair de casa, mas, devo confessar
que estar sendo um dos momentos para que eu possa refletir e parar um pouco para
ver as pessoas a meu redor, e perceber os caminhos que percorri até chegar aqui.
Todos os dias acordo com a esperança de que, a
qualquer momento, tudo isso estará resolvido, e tudo voltara ao que era antes,
mas, por outro lado, me vejo pensando que voltar ao que era antes é impossível,
pois esse tempo deixará muitas sequelas na vida de todos, no mundo. Vejo-me em
um ambiente onde ao mesmo tempo estou “segura”, mas me sinto insegura diante dos
fatos e do convívio com os familiares. Podemos dizer que o isolamento social também
serve para nos reconhecermos e reconhecermos as necessidades do ser humano.
Viver esse isolamento para mim leva a uma reflexão sobre o que verdadeiramente
somos ou queremos ser diante dos outros. Esse momento de pandemia, acredito que se
encontre em um tempo de muito aprendizado para todos; momentos como esses que
estamos vivendo, devem ser refletidos de todos os lados, principalmente dentro
de nós. Vivo acreditando que o covid-19, soube dar o seu recado direitinho para
os seres humanos, provando que a humanidade é limitada e não tem o poder de a
tudo controlar.
A minha experiência está sendo de muita aprendizagem;
o tempo está me levando a outros sentimentos, dando possibilidades a mim mesma
de escolhas para minha vida que antes não se propunham. Estou estudando mais,
refletindo mais, tento me reinventar nessa sociedade tão louca, e individualista.
Estou buscando, em meio a esses caos, muita serenidade, e equilibro para poder
seguir em frente e confiar no que virá em breve. Penso que o covid -19 conhece
a cada um que vai atacar, pois pressente que cada pessoa atingida já
experimentou ou já viveu tempo suficiente para entender como funciona a vida.
Parece um ser muito inteligente que ataca aquele que ele decide, sabendo que
ele já teve oportunidade.
Estou
tranquila e ao mesmo tempo ansiosa para ver como as coisas serão depois dessa
pandemia. Fico imaginado, quando tudo isso passar como as pessoas novamente irão
se acostumar a uma nova rotina. Nesse tempo de isolamento descobri o quanto é
importante manter a nossa sanidade mental, o nosso corpo em equilibro, sustentado
por atividade que venha preencher nossa mente e ampliar nosso conhecimento,
como, por exemplo, fazer boas leituras, principalmente aquelas que nos façam
refletir sobre o que estamos vivendo.
Portanto, aprendi com o isolamento social que ninguém
é uma ilha ao ponto de se isolar de tudo e todos, mas as vezes é necessário se
recolher. Esse tempo me fez perceber o quanto precisamos manter os nossos laços
afetivos, mas aqueles que nos façam bem, e que nos façam perceber a importância
de estar com pessoas queridas e amadas.
Projeto Memória da
Pandemia nas Alagoas
Coordenação
Luiz Sávio de Almeida
e José Carlos Silva de Lima
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ou não, em parte e no todo, com a matéria publicada
Nosso objetivo é
deixar um painel diversificado sobre a pandemia nas Alagoas