Propriá: sua igreja e chaminés
Luiz Sávio de Almeida
As fotos foram tiradas durante a Opara ou Racha II. Propriá sempre me
chamou a atenção por alguns fatos simples. O primeiro deles é o lamento
absolutamente triste e gemido de Luiz Gonzaga em um baião que fala da
Rosinha que ficou em Propriá. Outro é mais família: é lá que se
encontra enterrada a minha avó Adelaide, mãe de meu pai. É vizinha do
Cedro, onde havia uma famosa carne do sol. E finalmente, recordo uma
cachaça que tomei em Porto Real do do Colégio.
Era meninote. Minha mãe foi até Arapiraca, passar o Natal com a vovó
Dondon, que morava na casa da Tia Lurdes. O casal aproveita e vai
visitar a velha Adelaide. Pelo que me recordo, ainda não havia a ponte
ligando Alagoas e Sergipe e que seria tão reclamada pelo povo do
Penedo. Já estava construído o hotel que ficava perto da estação de
Colégio. Tomamos dois quartos. Lembro dos banheiros estarem
imprestáveis e o cheio nauseabundo que assumia os ares.
Meu pai e minha mãe tomam uma canoa. Preferi ficar. E fiquei e
emburaquei na cachaça e o resultado foi quase uma coma alcoólica, e quem
sabe não estive. Lembro de vomitar sem parar com o rosto quase dentro
da latrina imunda. Barbaridade. Propriá me olhava do outro lado, rindo
sem parar. Pela segunda vez: barbaridade.
Aqui
está a famosa ponte numa péssima fotografia. A ponta da canoa se
intromete e um pequeno ramalhete de baronesa desce devagar. A baronesa
desce. O rio às vezes leva um balsedo para o mar. É um belo espetáculo.
Eis
a estranha vista da cidade com as torres sem proporção e sem harmonia.
A sujeira domina a beira desta praia. Um velho ponto comercial em
evidência, foi um restaurante. Hoje está completamente abandonado. Já
almocei várias vezes aí. Do lado direito, nas noites de sexta a domingo,
funciona a vida boêmia da cidade.
Aqui, aparecem os espigões das chaminés, tempo das beneficiadoras de arroz, que foram sumindo com a mudança do arroz de vazante.
Aí
está a lateral da igreja. Sou fascinado pelo prédio que se encontra à
esquerda. Nada entendo. Apenas acho bonito. Gosto de ver, mas de longe.