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segunda-feira, 20 de julho de 2020

Enio Lins. Indesejado encontro




Indesejado encontro

Enio Lins – Jornalista, chargista, secretário de Estado da Comunicação

Tentei me esconder do coronavírus por meses, mas ele me encontrou. Nos dias 23 e 24 de maio os exames positivaram para o Covid19.

Felizmente, as consequências desse indesejado encontro ficaram no campo da grande maioria, ou seja: sintomas leves e possibilidade de tratamento em casa.

Provavelmente a covid me chegou via os documentos que assinava cotidianamente achando que estava isolado. Não apareceram os tais sintomas típicos, tive estados febris e não febre propriamente dita, perdi o apetite, mas mantive paladar e olfato, pigarreava ao falar, mas não tossia, não senti falta de ar, mas a pneumonia viral rapidamente ocupou 25% dos dois pulmões. Eu me tratei com Azitromicina combatendo a infecção pulmonar e com remédios simples para os estados febris e eventuais dores de cabeça e ouvido. O mais marcante, no meu caso, foram duas semanas de prostração – não tinha disposição nem forças para nada, não aguentava cinco minutos escrevendo ou desdenhando; qualquer andada de dez metros parecia uma meia-maratona.

Enfim, coisa de 15 dias depois de os primeiros sintomas aparecerem, desapareceram. Meu teste sorológico depois da quinzena viral deu reagente em IgM e IgG – até onde entendi as explicações dos imunologistas, as defesas internas temporárias ainda estavam alerta (certamente tentando dar cabo de algum vírus recalcitrante), mas a imunidade específica contra o coronavírus estava estabelecida. Recebi alta com a recomendação de me manter em repouso por mais uns 20 dias para ajudar os velhos pulmões a se recuperarem melhor das cicatrizes deixadas pela covid.

Aos poucos estou voltando às atividades cotidianas presenciais, ao novo anormal: mascarado e armado com espargidores de álcool 70%, cumprimentando a cotoveladas e mantendo distância das pessoas. Seguimos na luta!


Quem é 
 Atual secretário de Comunicação do Estado de Alagoas, Enio Lins nasceu e vive em Maceió, onde se profissionalizou como jornalista na Tribuna de Alagoas, em 1979, abandonando a arquitetura. Arquiteto por formação e engajado na defesa da atividade jornalística em Alagoas, foi diretor do Sindicato dos Jornalistas Profissionais e da Sucursal Alagoas da Tribuna Operária, tendo colaborado com várias publicações alternativas alagoanas.

Na política, participou de movimentos sociais, foi vereador por Maceió em 1988, primeiro secretário de Cultura de Maceió (1993-1994) e secretário estadual da Cultura de 1995 a 1996, período em que coordenou, em Alagoas, a programação nacional alusiva ao Tricentenário de Morte de Zumbi dos Palmares, em novembro de 1995. O ato trouxe a Alagoas importantes representantes da política de igualdade racial no Brasil e na África e foi encerrado com grandioso ato afirmativo da cultura afro-brasileira na Serra da Barriga, em União dos Palmares.

Em 1996, retomou a atividade jornalística. Trabalhou como editor-adjunto do jornal Gazeta de Alagoas e coordenador editorial da Organização Arnon de Mello. Nesse período, escrevia uma página diária de serviços e cultura. Em 1998, retornou à charge política e ilustrações de humor e em 2000 publicou o livro Miolo de Pote, uma coletânea de textos e traços publicados no jornal. 

Em março de 2016, tornou-se sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas (IHGAL), do qual era sócio benemérito desde 1997. No mesmo ano, por indicação do ex-ministro da Defesa, Aldo Rebelo, foi condecorado, em Brasília, com a Medalha do Pacificador. A honraria é uma das mais antigas concedidas pelo Exército Brasileiro a civis e militares. Em agosto de 2019, foi homenageado em sessão solene da Assembleia Legislativa de Alagoas com a primeira Comenda Jornalista Audálio Dantas, criada pelo deputado estadual Davi Davino Filho, em 2018, para homenagear as personalidades que se destacam na comunicação alagoana.

Quando foi acometido pelo coronavírus em junho dete ano, e precisou ficar em quarentena total, o jornalista Enio Lins adaptou a pauta espontaneamente assumida à própria convalescença, tornando-se, mais que observador, personagem do assunto que mobiliza o mundo desde janeiro de 2020.(Elen Oliveira)


Memória da Pandemia nas Alagoas


Elen Oliveira 


Quando eu ingressei na Ufal, em 1991, o professor Luiz Savio de Almeida já era uma lenda. Nos corredores do antigo CHLA, hoje ICHCA (Instituto de Ciências Humanas, Comunicação e Arte), ele se postava a dar conversa a quem se aproximasse com a mesma atenção que dedicava a palestras, mesas de discussão e entrevistas. Entre 2008 e 2009, trabalhamos junto no antigo O Jornal, onde ele propôs a abertura de um espaço dialógico da universidade com a sociedade, por meio da publicação de artigos acadêmicos. Entusiastas do debate e da pluralidade, o então diretor, Gabriel Mousinho, e o então editor-geral, Roberto Tavares,  cederam espaço ao Espaço, nome dado ao suplemento quinzenal publicado entre setembro de 2008 e 2012, quando o veículo foi extinto. À época editora-executiva e de Suplementos, eu editei a publicação até 2009 com Alexsandra Vieira, que era editora do caderno de Cultura, o Dois. Reformulado, tornou-se posteriormente Contexto, no jornal Tribuna Independente, até materializar-se em Campus, o suplemento semanal que é veiculado no jornal O Dia e reproduzido n’o Campus do Savio, o blog de múltiplas falas com o qual colaboro esporadicamente.


O longo parágrafo de introdução foi escrito para contar como chegamos a Jornalistas e a Pandemia, proposto pelo professor Savio como parte do projeto Memória da Pandemia nas Alagoas, que ele está a construir desde abril e que reúne relatos vindos de representantes dos povos indígenas, artistas, intelectuais e integrantes de áreas diversas sobre o atual momento. Ele propôs, e eu aceitei, que organizássemos uma seção para compor essa construção feita a muitas mãos. “Quero deixar um imenso painel para um pesquisador no futuro”, informa o pesquisador, que há tempos constrói fundamental acervo da memória sobre Alagoas.


 






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