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Pessoa e a missão do profeta: Resposta para a “pandemia”
Victor
Alves
Pastor
da Primeira Igreja Batista de Capela, professor de Antigo Testamento no
Seminário Teológico Batista de Alagoas e membro da @ligateologica.
O movimento profético é, sem sombra de
dúvidas, o movimento mais surpreendente que se pode encontrar em todo o Antigo
Testamento, pois tem sua culminância em figuras que se tornaram o centro de muitas
das narrativas desta obra literária. Com suas expressões impactantes, muitos
deles levavam mensagens de consolo, repreensão e arrependimento, como também
tentavam ajudar o seu povo a encontrar uma razão para tudo o que acontecia. Em
tempos de “pandemia”, essas respostas se tornam mais necessárias do que nunca.
Os profetas, a princípio, também eram pessoas
que atuaram com grande relevância em vários momentos da história do povo de
Israel. Diante disso, é preciso responder duas perguntas essenciais para
entender tal movimento e, quem sabe até, encontrar uma resposta para nossa
situação atual. A primeira pergunta é: “Quem
eram os profetas”? A segunda: “Qual
era a sua missão”? Respondendo a primeira pergunta, se percebe algo
peculiar nos livros que levam os nomes desses que eram considerados “homens de Deus”. Frequentemente, os profetas são identificados por seus nomes no
começo de seus escritos, bem como pela data e o lugar em que ocorria a sua
atividade. Por este fato, pode-se perceber que a pessoa histórica do profeta
ocupa uma importância fundamental no que diz respeito a sua mensagem.
A maneira pela qual são anunciados os seus
escritos ocorrem por expressões tais como: “A
Palavra de Amós”, “A visão de Isaías”,
onde sempre sua mensagem é associada à pessoa que a pronuncia. Outro fato
importante é entender que os próprios profetas têm a consciência de que o
Senhor Deus os chamou pelo nome. O nome de um indivíduo ocupa um lugar de
extrema importância também para a narrativa, pois este nome está sempre associado
ao caráter. Com isso, tem-se a ideia de que o profeta é alguém que foi chamado
por Deus, mas esse chamado ocorre pelo nome, que implica dizer que aquele que
os chamou, os conhece não apenas “de vista”, mas conhece tudo o que precisa
conhecer, incluindo o seu caráter. Respondendo à primeira pergunta: Os profetas
são homens chamados por Deus.
Entendido a questão da pessoa do profeta,
precisa-se agora falar da missão desses grandes homens. Sobre este tema é
preciso entender que eles têm uma profunda consciência de sua função e sobre
isso o profeta Isaías afirma: “O espírito do Senhor DEUS está
sobre mim; porque o SENHOR me ungiu, para pregar boas novas aos mansos;
enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos
cativos, e a abertura de prisão aos presos.” (Isaías 61. 1). A missão do profeta era anunciar a
mensagem que Deus tinha separado para falar em determinado momento. Bem se sabe
que a “instituição” do profeta não era exclusividade do povo de Israel, porém
algumas coisas diferenciavam os atos proféticos de Israel das demais nações.
Para o povo de Deus no Antigo Testamento, a profecia não se resumia a
“premonições” (visto que esse ato era condenado pela lei Mosaica). Por outro
lado, o profeta também não era uma pessoa que simplesmente falava a Palavra de
Deus, mas, através de encenações dramáticas se tornavam a Palavra de Deus, pois
faziam o papel que a Bíblia faz hoje para os cristãos. Pode-se exemplificar
esse fato com uma ordem que Deus dá ao profeta Isaías que ele deveria andar nu
durante 3 anos e 2 meses entre o povo de Israel (Isaías 20). Com isso, o Senhor
queria enviar uma mensagem ao seu povo e o profeta se tornava a mensagem de
Deus. Outro fato curioso é o que acontece com Ezequiel (Cap. 24), onde Ele diz
que o profeta não poderia chorar no enterro de sua esposa, ensinando assim que
Deus já não chorava pelo seu povo. Com isso, se percebe que a mensagem do
profeta não se resumia a palavras, mas com suas atitudes dramáticas eles se
tornavam a mensagem.
Por mais
que esses textos tenham sido escritos há tanto tempo atrás, essas mensagens se
mostram bastante atuais, pois através delas muitas pessoas têm superado males e
encontrado o verdadeiro significado da “vida em abundância” que Cristo prometeu
a todo aquele que crê. Levando em consideração que uma das missões dos profetas
era ensinar ao seu povo uma razão para as dificuldades da vida, pode-se
perceber que a mensagem nesses tempos de pandemia é altamente pedagógica para
todos aqueles que buscam um sentido no sofrimento. Momentos como estes, segundo
os próprios profetas, servem para renovar a nossa esperança naquele que
realmente deve ser a nossa razão de viver, pois assim afirma o profeta
Jeremias: “E há esperança quanto ao teu
futuro, diz o Senhor...” (Jeremias 31. 17) A mensagem dos profetas renovam as nossas esperanças de que o
Senhor está cuidando do futuro das nações e não existe melhor lugar para estar
do que debaixo da proteção desse Deus amoroso.
Esta série tem por objetivo
publicar depoimentos sobre como se pensa e se lida com o Corona em
Alagoas. Está aberta a toda e qualquer
pessoa, de qualquer tendência. É uma documentação organizada, sobretudo, para
um futuro estudioso de como a epidemia foi vista e vivida em Alagoas. O
material será publicado paulatinamente
no suplemento Campus do jornal O Dia. Está sendo organizado por Carlos Lima, Mestre em
História pela Universidade Federal de Alagoas e Luiz Sávio de Almeida. O blog
pode discordar de parte ou do todo da matéria por ele publicada.