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quarta-feira, 29 de abril de 2020

Victor Alves. A Pessoa e a missão do profeta: Resposta para a “pandemia”. Memória da pandemia nas Alagoas (XXII)




A Pessoa e a missão do profeta: Resposta para a “pandemia”
Victor Alves

Pastor da Primeira Igreja Batista de Capela, professor de Antigo Testamento no Seminário Teológico Batista de Alagoas e membro da @ligateologica.

O movimento profético é, sem sombra de dúvidas, o movimento mais surpreendente que se pode encontrar em todo o Antigo Testamento, pois tem sua culminância em figuras que se tornaram o centro de muitas das narrativas desta obra literária. Com suas expressões impactantes, muitos deles levavam mensagens de consolo, repreensão e arrependimento, como também tentavam ajudar o seu povo a encontrar uma razão para tudo o que acontecia. Em tempos de “pandemia”, essas respostas se tornam mais necessárias do que nunca.
Os profetas, a princípio, também eram pessoas que atuaram com grande relevância em vários momentos da história do povo de Israel. Diante disso, é preciso responder duas perguntas essenciais para entender tal movimento e, quem sabe até, encontrar uma resposta para nossa situação atual. A primeira pergunta é: “Quem eram os profetas”? A segunda: “Qual era a sua missão”? Respondendo a primeira pergunta, se percebe algo peculiar nos livros que levam os nomes desses que eram considerados “homens de Deus. Frequentemente, os profetas são identificados por seus nomes no começo de seus escritos, bem como pela data e o lugar em que ocorria a sua atividade. Por este fato, pode-se perceber que a pessoa histórica do profeta ocupa uma importância fundamental no que diz respeito a sua mensagem.
A maneira pela qual são anunciados os seus escritos ocorrem por expressões tais como: “A Palavra de Amós”, “A visão de Isaías”, onde sempre sua mensagem é associada à pessoa que a pronuncia. Outro fato importante é entender que os próprios profetas têm a consciência de que o Senhor Deus os chamou pelo nome. O nome de um indivíduo ocupa um lugar de extrema importância também para a narrativa, pois este nome está sempre associado ao caráter. Com isso, tem-se a ideia de que o profeta é alguém que foi chamado por Deus, mas esse chamado ocorre pelo nome, que implica dizer que aquele que os chamou, os conhece não apenas “de vista”, mas conhece tudo o que precisa conhecer, incluindo o seu caráter. Respondendo à primeira pergunta: Os profetas são homens chamados por Deus.
Entendido a questão da pessoa do profeta, precisa-se agora falar da missão desses grandes homens. Sobre este tema é preciso entender que eles têm uma profunda consciência de sua função e sobre isso o profeta Isaías afirma: “O espírito do Senhor DEUS está sobre mim; porque o SENHOR me ungiu, para pregar boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos.” (Isaías 61. 1). A missão do profeta era anunciar a mensagem que Deus tinha separado para falar em determinado momento. Bem se sabe que a “instituição” do profeta não era exclusividade do povo de Israel, porém algumas coisas diferenciavam os atos proféticos de Israel das demais nações. Para o povo de Deus no Antigo Testamento, a profecia não se resumia a “premonições” (visto que esse ato era condenado pela lei Mosaica). Por outro lado, o profeta também não era uma pessoa que simplesmente falava a Palavra de Deus, mas, através de encenações dramáticas se tornavam a Palavra de Deus, pois faziam o papel que a Bíblia faz hoje para os cristãos. Pode-se exemplificar esse fato com uma ordem que Deus dá ao profeta Isaías que ele deveria andar nu durante 3 anos e 2 meses entre o povo de Israel (Isaías 20). Com isso, o Senhor queria enviar uma mensagem ao seu povo e o profeta se tornava a mensagem de Deus. Outro fato curioso é o que acontece com Ezequiel (Cap. 24), onde Ele diz que o profeta não poderia chorar no enterro de sua esposa, ensinando assim que Deus já não chorava pelo seu povo. Com isso, se percebe que a mensagem do profeta não se resumia a palavras, mas com suas atitudes dramáticas eles se tornavam a mensagem.
Por mais que esses textos tenham sido escritos há tanto tempo atrás, essas mensagens se mostram bastante atuais, pois através delas muitas pessoas têm superado males e encontrado o verdadeiro significado da “vida em abundância” que Cristo prometeu a todo aquele que crê. Levando em consideração que uma das missões dos profetas era ensinar ao seu povo uma razão para as dificuldades da vida, pode-se perceber que a mensagem nesses tempos de pandemia é altamente pedagógica para todos aqueles que buscam um sentido no sofrimento. Momentos como estes, segundo os próprios profetas, servem para renovar a nossa esperança naquele que realmente deve ser a nossa razão de viver, pois assim afirma o profeta Jeremias: “E há esperança quanto ao teu futuro, diz o Senhor...” (Jeremias 31. 17) A mensagem dos profetas renovam as nossas esperanças de que o Senhor está cuidando do futuro das nações e não existe melhor lugar para estar do que debaixo da proteção desse Deus amoroso.

Esta série tem por objetivo publicar depoimentos sobre  como se pensa e se lida com o Corona em Alagoas.  Está aberta a toda e qualquer pessoa, de qualquer tendência. É uma documentação organizada, sobretudo, para um futuro estudioso de como a epidemia foi vista e vivida em Alagoas. O material será publicado  paulatinamente no  suplemento Campus do jornal O Dia. Está sendo  organizado por Carlos Lima, Mestre em História pela Universidade Federal de Alagoas e Luiz Sávio de Almeida. O blog pode discordar de parte ou do todo da matéria por ele  publicada.







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