O CRISTÃO E A PANDEMIA
Paulo Felipe Almeida
Formado em Teologia, pelo
Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil (STBNB) –Recife -PE e pós
graduado em Webjornalismo, pela Universidade Estácio de Sá. É também professor
de teologia no SETBAL - Seminário Teológico Batista de Alagoas, onde leciona as
disciplinas de Introdução Bíblica, Ética Cristã e Organização Missionária da
Igreja. Além disso, é Produtor de conteúdo e Co-Fundador do Projeto Liga
Teológica, que promove o diálogo entre Cultura Pop e Teologia.
A Pandemia do Coronavírus é uma situação que a maioria de nós jamais pensou que iríamos viver. Situações como essa são extremamente difíceis de assimilar, tendo em vista, tudo aquilo que está envolvido diante dessa doença, que afeta nossas vidas de várias formas: nossa saúde, nossa economia, nosso emocional, nossas relações pessoais etc. Praticamente todas as áreas da nossa vida são atingidas por tudo que estamos passando. Diante de um contexto como esse, como proceder, ou melhor, como viver?
Acredito que não teremos uma
resposta pronta para isso, mas acredito que alguns princípios básicos podem nos
ajudar durante essa fase custosa. O verso bíblico de 1 Coríntios 13:13 diz o
seguinte: “Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas
o maior destes é o amor”. O escritor e estudioso da fé cristã, William Kelly,
descreve a fé, a esperança e o amor como “princípios morais centrais
característicos do cristianismo” e são justamente esses princípios da fé cristã
que acredito ser a base para conseguirmos viver em meio à pandemia.
A fé é a certeza daquilo que não
se vê. Há coisas que não se compreendem apenas com a razão, como é o caso do
amor, que não pode ser explicado através da lógica. A fé que vem de Deus nos
leva a experiências que nenhum elemento físico pode nos dar, pois a fé começa
onde terminam as possibilidades, ou seja, ela não está limitada a
possibilidades, ela invade o reino da impossibilidade.
Na fé, nós vamos encontrar
justamente a esperança, afinal de contas, em tempos de tanta insegurança e
incertezas que estamos vivendo com essa pandemia, são a fé e a esperança que
vão alçar nossas possibilidades a uma paz que não vai acabar mesmo em meio a
esse contexto de insegurança. Uma vez, ouvi dizer que são nessas circunstâncias
que a esperança é como um raio de sol que brota mesmo no mais absurdo escuro.
Isso me lembra de uma ilustração que gosto bastante: “Certa vez um rei
encomendou a dois famosos pintores um quadro cuja temática fosse a paz. Além de
garantir que iria comprar os dois quadros, o rei anunciou que daria um extra
para o artista que melhor retratasse a paz. No tempo marcado, eles trouxeram
suas pinturas. O primeiro retratava um lago sereno, espelhando altas e
pacíficas montanhas à sua volta, encimado por um céu azul com nuvens brancas
como algodão. Todos os que viram este quadro acharam que ele era um perfeito
retrato da paz. O outro quadro também tinha montanhas. Mas eram escarpadas e
calvas. O céu, ameaçador, derramava chuva e relâmpagos. Da encosta da montanha
caía uma cachoeira espumante. Não parecia nada pacífica. Mas o rei,
experimentado nas artes, olhou com vagar e viu ao lado da cachoeira um pequeno
ninho numa fenda da rocha. Mamãe pássaro e seu filhote repousando em segurança.
O rei escolheu a segunda. Sabe por que? Porque paz, explicou o rei, não
significa estar num lugar onde não há barulho ou problemas. Paz é um estado de
espírito. É a capacidade de estar no meio disso tudo e ainda manter a calma do
coração”. A Fé em Deus e a esperança nos dão paz em meio a qualquer situação. Provavelmente,
vamos reclamar, vamos chorar e vamos sentir angústia em determinados momentos,
mas a esperança nos dará força para superarmos esses sentimentos, uma vez que
ela nos dará a certeza de que tudo isso irá passar. E é essa esperança que nos
leva ao amor.
O amor é o maior dos princípios
que o texto bíblico nos trouxe, afinal, o amor não é centrado em si mesmo. Quem
inaugurou um Reino de Esperança foi Jesus Cristo, quando nos deu sua vida numa
cruz para nos salvar! A maior mensagem do cristianismo é esse amor
incondicional despendido a nós, sendo nós ainda imerecedores, reles pecadores; é
um amor gracioso. O amor é o sentimento mais nobre, ele é insuperável não se
tratando de algo que aliena ou cega, mas que ama “apesar de”, ou seja, é algo
que conhece nossos defeitos e, ainda assim, decide amar. Não é a toa que os
dois maiores mandamentos deixados por Jesus Cristo envolvem o amor. Veja o que
Jesus disse: “Respondeu Jesus: ‘Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração,
de toda a sua alma e de todo o seu entendimento’. Este é o primeiro e maior
mandamento. E o segundo é semelhante a ele: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’”
(Mateus 22.37-39). Talvez, esse seja o momento de demonstrar a todos esse amor
ao próximo, exercitar mais do que nunca a empatia, não por ideologia, mas
porque é mandamento de Jesus Cristo para nós que temos fé de que Ele é o nosso
Salvador, que nos deu a esperança de uma vida plena ao
demonstrar a prova maior de amor que este mundo já viu ao
entregar sua vida por nós. Portanto, é nosso dever fazer o mesmo: “Nisto
conhecemos todo o significado do amor: Cristo deu a sua vida por nós e devemos
dar a nossa vida por nossos irmãos” (1 João 3.16). Em meio a todo esse contexto
de pandemia, ser cristão é ter fé em Deus, esperança de que tudo vai passar e,
acima de tudo, amar incondicionalmente o nosso próximo.
Projeto Memória da
Pandemia nas Alagoas
Coordenação
Luiz Sávio de Almeida
e José Carlos Silva de Lima
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