Saúde pública é promoção, proteção e recuperação
Relatos de uma experiência pessoal sobre pandemia, ansiedade
e acolhimento
Alvaro Brandão
Professor mestre em Linguística Aplicada pelo PPGLL/Ufal
Acordei na terça-feira, dia 7/07, com uma grande
indisposição. Uma dor muscular no lado direito das costas, dificuldade de
respirar forte e uma leve sensação de febre (pescoço quente e olhos ardendo). Procurei
me acalmar e me resignar com o fato de ser mais uma vítima da Covid-19. Mas,
então, decidi: não vou me entregar assim facilmente, vou correr atrás o quanto
puder. Afinal, com diz o poeta "viver é melhor que sonhar". Na
quarta-feira à tarde, ainda com os sintomas, fui até a Unidade de Pronto
Atendimento (UPA) do Jacintinho buscar ajuda médica. Sou do proletariado e, bom
ou ruim, o SUS é o meu plano de saúde.
Tomei um carro por aplicativo e durante a viagem falei sobre
minhas suspeitas e recomendei ao motorista a tomar todos os cuidados durante e
depois da corrida (nunca se sabe, né?). Ao entrar na unidade de atendimento já
observei certas diferenças no ambiente em relação aos serviços de saúde pública
que são oferecidos pelas redes municipais e estaduais. O ambiente climatizado e
impecavelmente limpo. Não há porteiro/segurança barrando a entrada de ninguém
(esses seguranças ficam na segunda porta de acesso). Primeiro, fui atendido por
um técnico de saúde que mediu sua pressão, a temperatura, batimentos cardíacos
e faz uma rápida anamnésia dos seus sintomas. Após esse contato inicial, fui
encaminhado para fazer o prontuário e em seguida atendido por uma enfermeira
que completou a anamnésia da sua situação. Depois disso, o atendimento médico.
Depois de uma conversa criteriosa encaminhado para medicação, exames, etc.
nessas alturas, o medo de haver contraído o vírus e está com sintomas da doença
já tinham sumido.
Bem, para tranquilizar quem chegou até aqui na leitura, o
meu diagnóstico: a dor lombar era resultado de uma má postura durante o sono e
a febre o sintoma de uma leve infecção urinária. Medicado e de receita na mão
voltei pra casa, para seguir vivendo e sonhando. Sem desembolsar um centavo de
real.
Em casa, depois de passado o susto tomei a iniciativa de
escrever esse depoimento, prestar meu testemunho sobre a importância desse
projeto de saúde pública idealizado durante o governo da ex-presidenta Dilma
Rousseff. Um projeto que atente criteriosamente tudo o que a Constituição
Federal (a partir do Art. 196) de que é dever do Estado, garantir
políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de
outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua
promoção, proteção e recuperação. Portanto, rico ou pobre valorize o SUS. Se o Word
2010 salva texto, o SUS salva vidas.
o blog pode concordar, no todo ou em parte, com a matéria publicada
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