Foto: André Luiz Mello |
Vitor
Pirralho
BIOGRAFIA
Foi com seu
olhar antropofágico inspirado no Modernismo que Vitor Pirralho (Vitor Lucas Dias Barbosa) ganhou a graça, não só de
artistas como Ney Matogrosso, Zeca Baleiro, Pedro Luís, Tonho Crocco e Ellen
Oléria (que participam de seu novo álbum), mas também de conselheiros,
curadores, jurados e produtores dos projetos culturais mais respeitados do
país.
Vitor Lucas
Dias Barbosa é professor de literatura brasileira, em sua atividade diária
entrou em contato com a Antropofagia oswaldiana e encontrou no discurso do
Manifesto a inspiração para suas músicas. A partir daí entra em cena Vitor
Pirralho, poeta que assume o princípio da devoração crítica da cultura
“inimiga”, para assim aprimorar a sua própria cultura.
Pirralho faz
Rap, não no sentido restrito da palavra, ele faz Rap sem delimitações. Sua
música se utiliza de batidas eletrônicas que remetem ao pop, no entanto, não se
acomoda a isso, incorpora elementos regionais, africanos, jamaicanos etc. Seus
temas são variados, mas com coerência, vão do social ao regional, do
linguístico ao paisagístico, do cultural ao desbunde. Uma verdadeira miscelânea
rítmica e temática com sotaque nordestino.
POEMA
INSULTO
Parece um déjà-vu, talvez um remake
O Ministério da Verdade só dispara fake
Lance de dados maquiados: data make up
De olhos bem fechados, cegos, wake up
Violentos virulentos pragas e surtos
Vi a varíola e de lá pra cá vários sustos
Sem EPI, epidemias têm custos
Postos os gastos, são mais baratos os lutos
Povo ao deus dará, qual deus dará lucro?
Quem quer habitar o santo sepulcro?
Periferias do mundo, que sofrem o expurgo
De pandemias, de mitos demiurgos
Nas mãos dos maus, o caos é tão pulcro
É moeda de troca, é capital de giro
Uma gripezinha, o tal coronavírus
Procurar ser sensato parece um insulto.