EM
TEMPOS DE PANDEMIA...
Procuradora de Estado
Em tempos de pandemia, descobrimo-nos menores do que
imaginamos, ou melhor, enxergamos o nosso real tamanho, as limitações,
dificuldades e impossibilidades.
No momento que estamos vivendo, a vontade não é
suficiente para a realização dos nossos propósitos, porque existe algo maior
que atinge o coletivo e que nos faz descobrir que não vivemos sós, que somos
uma orquestra perfeita que precisa de todos os instrumentos para tocar a
sinfonia e, quando um desafina, é o suficiente para macular o som.
Começamos
a enxergar os garis nas ruas fazendo a limpeza, sentimos o quanto são
importantes as empregadas domésticas, os enfermeiros que nos assistem quando
necessitamos, os porteiros e tantos outros trabalhadores essenciais em nossas
vidas, cujo sublime valor descobrimos agora.
Descortinamos
o véu de uma realidade que não visualizamos na correria do cotidiano porque a
engrenagem criada para a nossa vida não permite que nos preocupemos com o meio
em que vivemos, com o outro que está tão próximo e a quem não conseguimos
estender a mão, sequer escutá-lo. Quantos perdemos no caminho? Tantos
poderíamos ter ajudado se estivéssemos atentos para o verdadeiro sentido da
nossa existência...
Chega
de supetão em nossas vidas. Um vírus que se chama Corona veio para transformar
formas de pensar, agir e viver, e forçosamente nos convida à reflexão sobre valores
e prioridades. Diferentemente de outras lutas, nesta não precisamos pegar em
armas, ao contrário, o remédio é ficar em casa, porque ao sair podemos ser a
arma. Não é uma guerra sangrenta como as que a história noticia, embora muitos
soldados estejam sendo mortos.
É
necessário que possamos entender que os números que temos de infectados e
óbitos não são uma mera conta matemática, porque uma vida envolve sentimentos,
famílias, projetos. Cada ser humano não é um mundo em si, ele arrasta uma teia
enorme de pessoas que estão envolvidas com aquela realidade.
Estamos
passando por momentos difíceis. Não seremos os mesmos quando tudo passar, ou
então não teremos aprendido a lição. Quando as lojas, os restaurantes e os shoppings abrirem, os empregados
voltarem ao trabalho e a vida for retomando seu passo, mais que nunca teremos de
ser IRMÃOS, porque as dificuldades serão muitas.
Para
nós cristãos, a responsabilidade é maior porque conhecemos o mandamento que
Jesus nos ensinou: AMAI-VOS UNS AOS OUTROS COMO EU VOS AMEI. Na verdade, somos
uma família, embora inúmeras vezes nos esqueçamos disso.
A
COVID-19 nos obriga a uma visita interior e a uma faxina necessária para
recolhermos o que não nos eleva. Além disso, nos trouxe de volta aos nossos
lares, onde podemos estar juntos com os nossos, usufruir os prazeres dos elos
afetivos e, também, os dissabores, mas de igual forma digeri-los para que
possamos crescer, afinal esta é a nossa missão na terra.
Resta-nos,
após esta tempestade, ressurgirmos novos e enxergarmos o próximo com as lentes
do amor que Jesus tanto praticou. Que seja Ele o nosso modelo.
Que
o legado deste momento seja o aprendizado de que ninguém é feliz sozinho, de que
nenhum corpo é saudável se algum órgão sofre, de que ninguém se beneficie da
dor alheia porque somos irmãos. Que aprendamos neste isolamento social, ao
menos, o significado da família em nossas vidas, e que possamos estender o
nosso amor àqueles menos aquinhoados que, independentemente da pandemia, sofrem
porque não têm casa, alimento, escola, trabalho, transporte... “vida em
abundância”.
Assim
como depois da quaresma vem a Páscoa, que depois do isolamento social venha o
novo homem/mulher, que a fraternidade e a solidariedade sejam os pilares
principais em nossas vidas, que saibamos construir um novo mundo, como diz Ivan
Lins em sua bela canção: “No novo tempo, apesar dos castigos, estamos
crescidos, estamos atentos, estamos mais vivos, pra nos socorrer. No novo
tempo, apesar dos perigos, da força mais bruta, da noite que assusta, estamos
na luta, pra sobreviver. Pra que nossa esperança, seja mais que vingança, seja
sempre um caminho que se deixa de herança...”.
Paulo,
um exemplo de fé na história do Cristianismo, em sua carta aos Coríntios,
sempre tão atual, nos ensina: “Agora, portanto, permanecem estas três coisas: a
fé, a esperança e o amor. A maior delas, porém, é o amor”.
Em
tempos de pandemia... amai-vos!
Projeto Memória da
Pandemia nas Alagoas
Coordenação
Luiz Sávio de Almeida
e José Carlos Silva de Lima
O blog pode concordar
ou não, em parte e no todo, com a matéria publicada
Nosso objetivo é
deixar um painel diversificado sobre a pandemia nas Alagoas