Leide Maria Pereira
Raymundo
iya gum ekedy de oya filha de D'Niboó
raízes Omoketa.
Meu nome é Leide Maria Pereira Raymundo, tenho 48 anos e na religião sou iya gum ekedy de oya filha de D'Niboó raízes Omoketa.
O mundo parou e nos tornamos frágeis, toda riqueza,
arrogância e prepotência foi posto à prova. o mundo parou e talvez essa foi a
única maneira de Deus e o sagrado nos chamar a razão para termos de volta a
nossa fé, o nosso amor pelo próximo, a
nossa empatia, e solidariedade para com nossos irmãos.
A pandemia veio e com ela não houve escolhas entre o pobre
ou rico, o branco ou negro, todas as etnias tiveram percas irreparáveis e
perdemos pais, avós, amigos, irmãos e amores... mas ainda assim a ganância, o
ego, e a arrogância assolou de tal maneira em nosso mundo. foi algo tão
grandioso e triste pra nos chamar a atenção, que diante de Deus e dos nossos
orixás, voduns e nkisis somos iguais e o que realmente importa não é o luxo, o
glamour o “eu posso mais” ou o “eu tenho mais”, mas sim nossa fé, nosso amor,
nossa união para quem está de fora quando nos olharem enxergar apenas o amor
para com seu próximo sem importar se é rico, pobre, umbanda, candomblé,
católico, evangélico, e sim apenas almas diante de Deus e das forças da
natureza.
Foi preciso tudo isso para acordamos e rever nossos valores,
nossa humildade, nossa união já muito esquecida, nossa fé reacendeu e nossa
empatia cresceu. e hoje nos preocupamos com nossos irmãos de uma forma em
geral. fomos obrigados a parar, pensar, nos aproximamos de quem amamos e cuidar
um dos outros. também nos fez ver o quão pequenos e frágeis somos, e hoje temos
o cuidado de nos proteger, proteger a quem amamos e a todos.
Essa é minha opinião e a
visão que tenho diante disso tudo que estamos vivendo
Pandemia e Cultos de Matriz
Africana se configura como um espaço democrático para a expressão das
diferentes perspectiva sob as quais os povos de terreiros e seus sujeitos
vivenciam e compreendem este momento singular de isolamento social e
enfrentamento da COVID-19.
Nesse sentido,
apresentaremos artigos escritos pelos próprio atores e atrizes sociais que
protagonizam o cotidiano dos terreiros alagoanos em suas práticas litúrgicas,
saberes e fazeres cotidianos. São Yalorixás, Babalorixás, Ogãns, e Ekedes, além
de Yaôs que trazem a público sua visão de mundo construída com base em sistemas
culturais particulares, onde a circularidade, a reciprocidade e a celebração da
vida como sagrada predominam.
Esses Xangozeiros e
Xangozeiras, dispersos por todos os rincões de nossa anfíbia terra, trazem com
suas vozes, cânticos e contos, valores e princípios que podem ressignificar a
tragédia pandêmica e nos revitalizar a esperança de dias melhores. Na ótica do
Axé, nada se esgota em si, tampouco se explica por si, pois natureza, ser
humano e sagrado se interconectam como um só. Ao desfrutar desses textos,
portanto é possível que nossos leitores e leitoras reavivam sentidos já
esquecidos para a suas existências e, talvez, aprendam com os terreiros que a verdadeira magia é o mistério renascer em vida.
Arapiraca,
Julho de 2020, ano da Pandemia
Odé
Akueran Ibadan / Prof. Dr. Clébio Correia
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