segunda-feira, 4 de maio de 2020

Pe. Náiron Alécio de Mendonça, CM. Os cristãos e a pandemia. Memória da pandemia nas Alagoas (XXXII)



Os cristãos e a pandemia
 Pe. Nárion Alécio de Mendonça, CM

            Os cristãos buscam a Deus certamente por suas promessas de algo sempre melhor do que o que vivemos, estamos passando ou que é imutável por nossas capacidades humanas. Superação da dor, tristeza, solidão, carência material, enfim qualquer situação fora do que contempla a dignidade humana, quando se coloca sob a amorosa providência divina. A doutrina cristã e a própria Bíblia nunca negaram a ação sobrenatural e poderosa posta a serviço do bem humano por parte de Deus e também sempre por sua iniciativa. O que acontece em muitos casos é a ignorância, em vários sentidos, dos mandamentos como resposta ao projeto de libertação que se busca com tanta ânsia.
            Desde o Gênese a ação poderosa do Criador vem acompanhada de instruções, ensinamentos e mandamentos sobre como, em sua liberdade, as pessoas deveriam conduzir suas vidas pela melhor via. Deus, gratuito e benevolente, não deixa de conceder o melhor de sua graça a todos, mas avisa que podemos desperdiçar esta graça em consequência de nossas atitudes contrárias ao que ensina. Não é somente uma lei positivada mas, de fato, uma orientação de vida equilibrada e feliz. Isso mostra que Deus nos deu consciência e responsabilidade sobre o que realizamos como indivíduos, como comunidade de fiéis e como seres humanos livres.
            Cristo, que se fez servo por amor ao Pai e pelos que ele ama, revelou por completo o amor do alto, que de nada será útil às pessoas se elas também não refletirem este amor: não sentimento, mas atitude consciente de desejar o bem de Deus e do próximo.
            Nesta pandemia, com certeza o poder infinito será nosso socorro, quando a ação e a capacidade humana mostram-se inferiores ao que estamos enfrentando, dado o sofrimento e as mortes testemunhadas. Porém, a ciência, nunca inimiga da fé e sim fruto da graça divina concedida aos homens e mulheres, e diante da qual a fé não pode se colocar prepotentemente, mas aceitar sua colaboração e especialidade, nos ensina como podemos preservar o máximo de vidas possível. Quem tem consciência e humildade, como discípulo de Cristo, deve sim continuar confiando na providência do alto, com orações e preces, mas também tem atitudes a tomar, tanto conforme as orientações científicas como por seu discipulado: suportar o isolamento social sem se deixar cair no egoísmo ou no medo; conscientizar outras pessoas com o desejo de preservar vidas; exigir das autoridades responsáveis a sua ação pelo bem da sociedade; lembrar-se daqueles que sempre foram abandonados e serão ainda mais por causa do desespero social; buscar, no Espírito Santo, a criatividade necessária para contornar os limites impostos.
       Nada muda naquilo que foi oferecido para formar a consciência e a fé dos que se fazem cristãos. As exigências, sim, sempre mudam, e aparecem com novos desafios para a fidelidade de quem deve, como o apóstolo Paulo, saber viver na abundância e na pobreza, no conforto e na tempestade. Que não seja necessário aos cristãos negar aquilo que lhes foi deixado, nem se encontre motivo para agir de forma contrária ao que é sua missão: ser, por Cristo, sal da terra e luz do mundo.

Projeto Memória da Pandemia nas Alagoas

Coordenação
Luiz Sávio de Almeida e José Carlos Silva de Lima
O blog pode concordar ou não, em parte e no todo, com a matéria publicada
Nosso objetivo é deixar um painel diversificado sobre a pandemia nas Alagoas