segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Dr. Verde. A medicina popular e os sem terra




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 Esta página foi coordenada pelo jornalista Railton Texeira


I – Os acampamentos e os saberes dos semterra.
               
 Luiz Sávio de Almeida

              
              O primeiro ponto que desejamos colocar em realce, é o fato de que os movimentos sociais vão deixando marcos e que não são vazios rurais, mas locais densamente políticos e donos de saberes, uma saber que vai sendo construído na origem, passa pela marcha e mescla-se no andar do tempo dos acampamentos, uma difícil vida transitória, sempre esperando tornar-se uma realidade como assentamento.

               Então, vamos aceitar que existe uma cultura de acampamento, marcada pela transitoriedade  e pelos encontro de vidas. Faz tempo que me interesso de fazer um levantamento sobre estes saberes e foi com surpresa e boa, que tomei contato com a existência do Dr. Verde, Seu Antônio, através de material coletado pelo jornalista Railton Texeira.

               Como se poderá verificar na fala do  Dr.  Verde, ele carregou consigo toda uma experiência de vida familiar e sertaneja, reelaborando as suas relações com as plantas de aprendizado sertanejo e transformando em matéria de um acampamento de semterra na área da mata. Seja quem for, sempre carrega consigo os seus pedaços de vida e os seus mundos. Ninguém se aparta das suas lembranças e nem deixa de saber.

               Talvez, o que é fundamentalmente  importante na fala do Dr.Verde é o modo como sabe desconstruir, com argumentos sólidos a seu ver, a fala oficial da medicina, a oposição entre o remédio e o veneno, entre o natural e o fabricado e, necessariamente, escolhe seu caminho e o defende.

               O Dr. Verde produz argumentos de excelência e o seu tom é doutoral e fruto de uma observação permanente dos fatos de cura relacionados ao uso das plantas, sendo de ver o modo incisivo como enfrenta e trata os mistérios do câncer.  O Dr. Verde é um verdadeiro Doutor de Raiz, a cumprir o seu ministério nos pagos de um acampamento com suas plantas sedentas por curarem. Ele e tantos persistem nesta faina, uma medicina de mística, encantados, chás e chão, pó, poeira pata ficarmos com a música do Gonzaguinha. O próprio câncer fica na área  mítica da medicina,  e ainda hoje há quem se recuse a pronunciar seu nome, diabolizando-o, dizendo-o aquela ”aquela doença ruim”, como era antigamente a tuberculose, responsável pelas aparições da “ mulher da costa oca”.

               Câncer e tuberculose não entraram no rol dos xingamentos por serem doenças recentes, não terem vida colonial como a peste, a bexiga lixa, a gota serena, a sarna vôtes. Estes são entes de vivência colonial,  medicina do mefítico cujo peso social de mortes e cemitérios assombraram as Alagoas profundas; o peso de expressões do tipo “tá com a gota”, “vá pra casa da peste” somente sabe quem as utiliza e como apanham, o horrendo e renovam o nosso terror de cada dia.

               Dr. Verde trata o câncer como um denada. Não vacila diante dele; o saber do Dr. Verde é bem mais poderoso do que aquela doença ruim. E a grande invenção médica, no final das teses do Dr. Verde, é a própria natureza, restando saber o que se pode fazer com ela. Tudo faz parte do que vamos chamar de saberes dos semterra, uma espécie de infinito sobre a realidade do mundo e que serão tantos quanto o próprio mundo das relações dos semterra comportar.
              

II – Um pouco sobre o doutor Verde

Railton Texeira

Foi na Feira da Reforma Agrária do MST, em Maceió, que tivemos a oportunidade de conhecer o Doutor Verde, em sua ‘Farmácia de medicamentos naturais’, comercializando plantas especiais, segundo ele, rasteiras e que podem ser cultivadas até em apartamentos e que “não podem faltar nas casas, pois quem planta e cultiva faz a melhor coisa do mundo”.

Seu Antônio é natural da cidade sertaneja de Senador Rui Palmeira, trabalhador rural e, como muitos outros, espera ser contemplado no programa de Reforma Agrária e que o Acampamento São José receba a imissão de posse para ser assentamento, em uma das áreas de conflito no Estado: Ouricuri, em Atalaia.

É no Acampamento São José que o Dr. Verde cultiva seus medicamentos e os alimentos da terra que garantem o sustento de sua família.  Doutor Verde  tem uma riqueza de vida e de conhecimento.


III – A fala do Dr. Verde


E onde vim e o que aprendi




Eu nasci da pobreza. Graças a Deus,  estou rico porque tenho a roupa para vestir, me aposentei e estou ganhando do governo agora. Mas nasci de uma família pobre no sertão de Alagoas, em Senador Rui Palmeira; me criei no mato como índio.  A primeira roupa que vesti tinha 13 anos de idade, já era um sofrimento e foi com as ervas que comia no mato que aprendi alguma coisa; aprendi mais com o meu avô que era sabidinho, foi ele fazendo as coisas e eu aprendendo.

Hoje eu sou semterra. Nasci semterra, pois quem nasce nas terras dos outros é semterra;  me criei no mundo como um índio, sem roupa, comendo semente, fruto de mato, batata de imbu. Quando vesti a primeira roupa, já estava com 13 ano e quando eu via uma mulher na estrada eu corria, eu entrava para dentro do mato.

Tudo que sei fazer,  foi através do avô da minha mãe. Sei fazer o lambedor, a garrafada, o mel de mamão, sei fazer inalação para sinusite, o café de mororó... Tenho as minhas roças também, pois vivo delas também, sem agrotóxicos: é limpo. Planto verdura, tomate, cebolinha. A gente se quiser lavar lava, se não pode consumir que é limpo. Se eu colocar os remédio, eles são tudo natural: capim santo, cidreira e hortelã miúda; uso eles junto com as minhas ervas, minhas plantinhas ficam tudo limpinhas.

A cura do câncer


 Eu tenho esse costume de não comer o veneno que as pessoas aplicam nas plantas. Porque a gente come os venenos e tá adoecendo, morrendo, que nem o camarada que planta feijão de corda, esse de rama, tem gente que coloca carrapaticida, com noventa dias ele dá câncer agudo, câncer agudo é ruim de tirar. 

A gente que vive nos matos tem como curar o câncer; eu já curei um câncer de uma mulher que estava com câncer no útero – já esta com 13 anos que curei ela –, com raspa de pau d’arco; ela tinha seis filhas mulher, me levantei bem cedo ela estava com a mão no queixo pensando, perguntei: ‘o que é que você tem Maria Cícera?’.

 Ela disse ‘estou livre para morrer, o doutor já me liberou para morrer. Seis meses que ela tinha passado no hospital e hoje ela está com 13 anos de curada, gorda, bonita e as filhas tudo casada, ela pensou que nunca ia ver as filhas se casarem,  que ia morrer, que o médico tinha dado só três meses de vida a ela e através da erva do mato...

A droga não cura




O poder que a erva tem é um remédio natural que não tem droga; a gente toma 100 ml do remédio feito do mato: tomou 100 ml de remédio das farmácias tomou 90% de droga e 10% de remédio. O médico faz a consulta para a gente no hospital,  ele passa o remédio, aquele remédio é como jogar uma pedra no passarinho: se acertar pegou e se não acertar perdeu, pois mesma coisa é o médico: ele joga a pedra se acertar a doença ele diz: “acertei a doença”;  aquele remédio ele lucrou, se ele não acerta ele diz “perdi a pedra, que não acertei na doença!”. Ele joga...

A cura da tuberculose


Se ele soubesse a doença, ele não perguntava quando o camarada vai se consultar.  Ele pergunta: “o que você ta sentindo, qual a sua doença?”. Ele mesmo dizia, a sua doença é isso. A gente aprendeu a fazer isso, já curei tuberculose; no Mato Grosso do Sul, curei dois companheiros que moram em Mato Grosso do Sul, com anos de tuberculose; eu curei através da erva medicinal, dos matos, com a Jurubeba. É uma planta que cura tuberculose, cura bronquite.

Distância e cura


Tenho seis filhos, uma em São Paulo, tenho duas filhas em Minas Gerais, um menino em Bahia e duas meninas em Boca da Mata. Eu não sei curar gente, eu só faço uma média. Quando tem uma pessoa doente, eu daqui mesmo – não chego nem lá perto – eu encruzo minhas duas mãos, que Deus me deu o poder nas duas mãos, não carece nem chegar lá, só basta cruzar minhas mãos e peço a Deus de coração que aquela pessoa ficasse boa daquela doença e fica.

Outro dia, uma criancinha mesmo... Me caçaram lá uma pessoa que cura e eu disse: “rapaz eu não vou não, porque tá de noite”. Mas, de riba da minha porta mesmo, vi o pai lá longe balançando a criança e ela bem doente; de cá mesmo, cruzei as minhas mãos pro lado da criancinha e aí pedi a Deus e fiz lá umas orações e quando foi no outro dia amanheceu boa. Deste tamanho, Graças a Deus a gente pede a Deus para curar, né? Não é a gente que cura e também se eu for no cercado pode ser o pior inimigo, se tiver num animal uma perebinha do mal, vou lá pego uma pedra, um pedaço de tijolo, curo e só curo uma vez e aquele animal daquele dia por diante acaba a penúria. É pelas palavras, eu curo no rastro. Eu digo nove palavras, aí pronto, cada uma palavra dizendo o não na frente, no final algo não aí: pronto. Aquelas palavras com o não na frente é que curam.

A cura e o rastro


Eu aprendi com o meu tio. Todo menino é curioso, eu era pequeninho, eu era um garotinho de cinco a seis anos, vi ele curando um “burrego”, um carneirinho, aí eu aprendi. Colado ali escutando o que ele dizia, porque se ele me ensinasse não serviria nem para ele  e nem para eu. Aí eu aprendi, minha mãe tinha um porquinho, aí mandou capar, quando foi com três dias tava fechado, como um pacote de arroz, aí ela disse eita meu filho perdi meu porquinho, eu digo não mãe a senhora não vai perder não, ele perguntou: “por que meu filho?” Eu disse: “não vai não!”. Saí atrás do porquinho... Atrás da casa da gente tinha um lajedo, chamado Cemitério das Cobras... Cheguei por trás do terreiro, peguei o rastrinho dele, disse aquelas palavras, quando foi no outro dia o bichinho amanheceu bom, graças a Deus, ele não chegou a morrer daquela doença. Ele ficou bom, não precisou de remédio, eu fiz esse negócio, só uma vez só.

Com uma pedra e curo ele aqui, neste rastro, se amanhã eu for curar não precisa o camarada esta perto não, aquele mesmo rastro eu curo, três, quatro vezes naquele canto, outra pessoa pode chegar, pegar essa pedra, jogar, a mosca só chega perto do animal se eu mesmo tirar aquela pedra, a mosca fica com nojo daquele animal. Uma égua com dois brotos, tenho uma novilha, uma vaquinha e não tem carrapato eu chego começo a alisar o bichinho, eles ficam limpinhos, não tem carrapatos, não passo remédio nos meus animais, os meus bichinhos é tudo limpinho, os outros só vivem botando remédio para matar carrapatos, carrapaticidas, só ficam colocando veneno nos bichinhos, mas eu não boto. Eu preciso do leitinho limpo, eu quero beber um leite sem agrotóxico. O carrapaticida é o pior veneno que tem; é o que dá câncer agudo.

Nasci em cinco de agosto de 1954. A doença que tinha era do tamanho de uma laranja pera, eu curei com o chá do ‘Andu’ branco. É só pegar um pacotinho de folha, cozinhar e tomar. É três chá, com três, ele se escondeu, não tem nada, já tava com dois exames prontos, eletro, coração, exame de sangue, esta tudo em casa, mas não precisou. Eu só disse que só vou me operar se depois que tomar o chá do Andu branco e não servir. Cheguei em casa, fiz o chá, tomei no outro dia, não senti mais, ai eu disse vou tomar outro e tomei outro, pronto, até hoje.

               Não acredito muito na medicina não. Por causa que eu depois que me acostumei com as plantas, nunca mais tomei um comprimido. Quando eu estou com dor de cabeça, eu já tenho uma garrafa de álcool com um capim que tenho no meu terreiro, eu plantei um capim eucalipto, é o mesmo cheiro do eucalipto. Peguei umas folhas, coloquei em um vidro e álcool, estou com dor de cabeça, chego lá, cheirar e vem para a cabeça e a dor desaparece, não precisa tomar um comprimido.



Uma farmácia em casa



              
Se puderem plantar uma hortinha por trás da casa, no quintalzinho, faz o melhor negócio do mundo. Se é piso de tijolo, arruma a terra preta fora, faz um canteiro, um canteirinho de tijolo, quando acabar enche com a terra preta, já faz uma horta dentro de casa, todo dia esta ali jogando uma água, para conservar aquela hortinha, tem uma farmácia dentro de casa. Pode plantar dentro de casa: hortelã miúda, hortelã grosso, o capim santo, a cidreira, a penicilina. Tudo é anti-inflamatório e é fácil de encontrar. Na minha barraquinha na Feira da Reforma Agrária tem, só não tenho no momento penicilina, elas são rasteiras, pode plantar em uma garrafinha, cortar a parte de cima, coloca um arame, pendura até em um apartamento.

               A hortelã miúda, pode plantar em uma garrafinha e é bom para gripe, faz um lambedor para gripe, remédio para uma criança, para um adulto também, principalmente a mulher que esta no tempo da mestruação, ela precisa de um chá para tirar aquela dores. Também o Hortelã de pimenta, que também serve para dor, para colocar no lambedor também. A hortelã grosso, da folha grande, a pessoa não tem como fazer o lambedor agora, coloca a folha em um tampa no fogão e esquenta, quando esquenta a pessoa pega uma colher e enche de açúcar, quando tiver derretendo é só pegar espremer na colher e da a criança, serve para o cansaço e serve para a gripe, a gente faz assim quando não tem como fazer um lambedor.

               Ainda para plantar em casa, o alecrim é outra planta boa, que faz parte da saúde do homem também, juntamente com a junca, o cara bota o “barbatimão”, uma planta de lá do sertão a “barriguda”, faz uma garrafada é para levantar moral, melhor que o ovo de codorna. O ovo de codorna só vai com o conhaque, ela vai limpo, a gente faz isso aí para quando ficar velho tomar esse negócio. Na nossa horta a gente ainda pode plantar o coentrão, serve para lambedor também, a babosa, ela é importante e ela serve para as mulheres fazerem os banhos limpos, tritura por 30 dias.

               A mulher tem inflamação pega faz o banho todos os dias, lava as partes intimas e, toda vez que for tomar banho, toma um gole; por 30 dias está curada para durar mais um bocado de ano, se não fizer esse tipo de banho termina dando câncer de útero. A gente faz uma plantação que serve para isso tudinho, começa da hortelã miúda até a babosa e tudo são plantas que serve muito dentro de uma casa. A babosa cura inflamação de mulher, o câncer de próstata. Para o câncer de próstata é babosa, uísque e mel de abelha. Passa a babosa, uisque e mel de abelha no liquidificador quando acabar coloca no litro, cava a terra e passa três dias. Passa três dias debaixo da terra, depois é só tomar e toda vez que for tomar, toma um banho.

                Vai no chuveiro e joga água na cabeça com oito dias o camarada esta curado da mazela perigosa que é o câncer. Isso é um negócio muito importante que a gente tem que ter na horta da gente: é a baboza. Outra coisa que não pode faltar é a hortelã miúda, pois ela serve para tudo, pois a miúda serve para dor, dor de cabeça, fazer um chá para hérnia, se a pessoa esta com uma dor em algum canto, é só pegar esquentar a folha e coloca ali, atacar ali em cima com uma tira de pano em riba da dor que ela se acaba. Sambacaitá é outra planta que não pode faltar em uma horta em casa. É anti-inflamatório, a pessoa leva um corte e faz um cozinhado de sambacaitá com penicilina e alecrim com água morna em riba, pode deixar só com um paninho molhado em cima que  no outro dia já amanhece cicatrizado.




IV - Doenças comuns


Dor de dente

               Para dor de dente só tem uma planta que só tem na mata. É um cipó que planta no rio e mata peixe. A pessoa coloca no dente, ele se quebra todinho e não doe mais.

Dor de ouvido

               A hortelã miúda. Para a pessoa ver o quanto a hortelã miúda é importante dentro de uma casa. Para dor de ouvido a pessoa não pode colocar no ouvido que esta doendo, tem colocar no ouvido que esta sadio. Faz uma rolhinha e coloca no ouvido sadio, abafa com a mão que a doença sai, porque se não abafar a doença fica dentro da cabeça.

Sinusite

Para sinusite o eucalipto. Fazer um chá para respirar o vapor.

Diabetes

Pata de vaca, o mororó do sertão e a amora também é bom. O suco do maxixe. A melhor planta que a gente encontra na feira para a diabetes é o maxixinho. É o maxixe redondinho para o feijão, eu preparo ele no coco, o camarada come que nem pergunta se tem carne. Ele come só com o maxixinho. Pois o maxixe no coco com uma verdura fica muito gostoso, ele é bom para comer e ainda serve de remédio.

Colesterol alto

O mororó, amora. O chá.

Pressão alta

Maracujá, chuchu e aquele melão amarelo. Ela zera. Uma ex-mulher minha esta com problema de pressão alta, a pressão dela chegava a 21 e comecei a fazer ela começou a cair para 12 por 8 que é o normal e ela nunca mais teve problema de pressão alta.

Pressão baixa

Só sal. A pressão baixa é mais ruim de curar do que a pressão alta, por causa que tem que comer o sal e ele é problema para o coração.

Coração

A flor da bebeta [?] branca e a flor da colônia. Cozinhar três folhas de colônia e três folhas de bebeta e toma o chá. A maça também é bom para o coração.

Gastrite

Leite de gado gelado com couve branco. Passa no liquidificador e toma de manhã cedo em jejum. Já curei a minha mulher, ela tinha gastrite, só vivia mais no hospital do que em casa e eu a curei.

Stress

Pessoa stressada é problema de nervos, é o sistema nervoso. A pessoa pode fazer um chazinho de capim santo, erva sidreira. O cabra esta tomando e vai relaxando o stress se acaba.

Dor de barriga

O camarada diz ‘estou com dor de barriga e não vou para o médico’, ele pega um pedacinho de gengibre faz um chá, ou a junça faz o chá e toma no instante a dor de barriga vai embora.

Emagrecer

Para as mulheres que querem emagracer a alcachofra. As vezes estou taludinho e quando quero emagrecer faço o chá da alcachofra e vou tomando para diminuir a banha, quando estou gordinho.