sexta-feira, 10 de julho de 2020

Alvaro Brandão.Relatos de uma experiência pessoal sobre pandemia, ansiedade e acolhimento




Saúde pública é promoção, proteção e recuperação

Relatos de uma experiência pessoal sobre pandemia, ansiedade e acolhimento

Alvaro Brandão

Professor mestre em Linguística Aplicada pelo PPGLL/Ufal

Acordei na terça-feira, dia 7/07, com uma grande indisposição. Uma dor muscular no lado direito das costas, dificuldade de respirar forte e uma leve sensação de febre (pescoço quente e olhos ardendo). Procurei me acalmar e me resignar com o fato de ser mais uma vítima da Covid-19. Mas, então, decidi: não vou me entregar assim facilmente, vou correr atrás o quanto puder. Afinal, com diz o poeta "viver é melhor que sonhar". Na quarta-feira à tarde, ainda com os sintomas, fui até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Jacintinho buscar ajuda médica. Sou do proletariado e, bom ou ruim, o SUS é o meu plano de saúde.

Tomei um carro por aplicativo e durante a viagem falei sobre minhas suspeitas e recomendei ao motorista a tomar todos os cuidados durante e depois da corrida (nunca se sabe, né?). Ao entrar na unidade de atendimento já observei certas diferenças no ambiente em relação aos serviços de saúde pública que são oferecidos pelas redes municipais e estaduais. O ambiente climatizado e impecavelmente limpo. Não há porteiro/segurança barrando a entrada de ninguém (esses seguranças ficam na segunda porta de acesso). Primeiro, fui atendido por um técnico de saúde que mediu sua pressão, a temperatura, batimentos cardíacos e faz uma rápida anamnésia dos seus sintomas. Após esse contato inicial, fui encaminhado para fazer o prontuário e em seguida atendido por uma enfermeira que completou a anamnésia da sua situação. Depois disso, o atendimento médico. Depois de uma conversa criteriosa encaminhado para medicação, exames, etc. nessas alturas, o medo de haver contraído o vírus e está com sintomas da doença já tinham sumido.

Bem, para tranquilizar quem chegou até aqui na leitura, o meu diagnóstico: a dor lombar era resultado de uma má postura durante o sono e a febre o sintoma de uma leve infecção urinária. Medicado e de receita na mão voltei pra casa, para seguir vivendo e sonhando. Sem desembolsar um centavo de real.

Em casa, depois de passado o susto tomei a iniciativa de escrever esse depoimento, prestar meu testemunho sobre a importância desse projeto de saúde pública idealizado durante o governo da ex-presidenta Dilma Rousseff. Um projeto que atente criteriosamente tudo o que a Constituição Federal (a partir do Art. 196) de que é dever do Estado, garantir políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Portanto, rico ou pobre valorize o SUS. Se o Word 2010 salva texto, o SUS salva vidas.

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