segunda-feira, 20 de julho de 2020

Niviane Rodrigues e Raíssa França Lições de força e coragem – reinvenção na pandemia

Niviane
Raissa


Lições de força e coragem – reinvenção na pandemia
Niviane Rodrigues e Raíssa França 
– Jornalistas e cofundadoras do Portal Eufemea

A vontade de empreender e de criar algo que fizesse a diferença nas nossas vidas e nas vidas das outras pessoas veio antes mesmo da pandemia. Sabíamos que queríamos algo voltado para o jornalismo e também para algo que entendíamos: o ser mulher. Entretanto, mesmo com nossos sonhos se entrelaçando antes do isolamento, foi apenas três dias após o decreto governamental em Alagoas que o Eufemea nasceu.

Estávamos na nossa primeira e última reunião presencial com as nossas mentoras da Arca para Mulheres. Não imaginávamos que o Eufemea nasceria naquele dia. Tão cheio de força. Foi amor à primeira vista. Somos o primeiro site de conteúdo feminino do Nordeste. Com o lema ‘nós sabemos’, entendemos que naquele dia 12 de março, a nossa vida mudaria. 

Fazíamos planos de trabalho e de como tocaríamos o projeto dali para a frente. Saímos da reunião saltitantes de tanta felicidade, afinal víamos se concretizar aquilo que conversávamos por alguns meses até aquela data. Para a semana seguinte, programamos fazer uma sessão de fotos, um book nosso que seria utilizado na divulgação do trabalho, em todo o conteúdo digital, no mídia kit e nas campanhas que pretendíamos fazer dali para a frente. 

Programamos ainda um encontro com a empresa que iria fazer o nosso site, já que o projeto consiste em convergência de mídias. Todos os conteúdos são postados nas redes sociais Instagram, site, Twitter e Facebook, que caminham juntos. O encontro presencial com os responsáveis pela empresa também não foi possível. Veio a pandemia e tivemos que cancelar as fotos, a reunião com a empresa de site, os encontros com nossas mentoras e o lançamento presencial do portal. A pandemia mudou tudo e tivemos que nos readaptar.

Nem mesmo os brindes que havíamos programado para distribuir com nossas seguidoras e potenciais clientes puderam ser feitos como programamos. Com o fechamento do comércio, lojas não conseguiram repor estoques e os mimos por nós escolhidos já não estavam mais disponíveis no mercado. Foi preciso pensar em uma nova forma de dizermos que estávamos lançando nosso site.

De repente, nós duas precisamos transformar o nosso dia a dia em milagres diários. Precisamos adaptar o nosso novo modo de vida com o que a pandemia nos privava. Precisamos nos reinventar: utilizar as mídias sociais para nosso lançamento virtual, as reuniões online e até os vídeos que fizemos foram à distância.

Também precisamos correr contra o tempo para a produção das matérias, as entrevistas e reportagens, já que não poderíamos mais ter o contato presencial com nossas fontes. As ferramentas utilizadas teriam que ser totalmente digitais. Recorremos ao WatsApp, direct do Instagram  e email para enviar as perguntas e receber as respostas, fotos e todas as imagens usadas nas nossas postagens. 

Assim foi também com as nossas mentoras, que passaram a nos atender, orientar e tirar dúvidas por chamada de vídeo, inclusive na elaboração da planilha de postagens, até a conclusão da consultoria, que durou três meses.

Mudou tudo em nossa vida e nos planos, mas não a determinação de seguir, de concretizar o sonho. No dia 17 de junho, por meio virtual, lançamos o www.eufemea.com. Com o tempo, e o avanço da pandemia, as matérias naturalmente acabaram tomando o direcionamento da informação sobre os casos. Como nosso conteúdo é voltado para o público feminino, é nas mulheres que concentramos as histórias de luta contra a Covid-19, de superação, mas também de dor e perda, que têm sido muitas. 

Com o tempo, e a aprovação ao nosso trabalho, tem sido cada vez mais frequente que mulheres nos procurem solicitando espaço para falar de suas alegrias e dores na pandemia. 

Uma das nossas primeiras matérias foi com uma médica recém-formada que colou grau antecipado em uma instituição em Maceió. A matéria da Jade inspirou muitas mulheres, já que uma menina nova, médica, estava indo para a linha de frente. Entrevistamos enfermeiras que relataram a dor de um plantão exaustivo e que carregavam consigo as marcas no rosto. Choramos com relatos de pessoas que contavam como era ser contaminado pela Covid, como era trabalhar na linha de frente ou perder alguém.

Tiramos da pandemia algumas lições. Tivemos altos e baixos, mas não perdemos a vontade de crescer, de contar histórias, de fazer a diferença. Das lições da pandemia, destacamos duas: você não sabe como será seu próximo segundo, então viva o agora; e reinvente-se, saia da sua zona de conforto.

Quem são

Niviane Rodrigues é jornalista pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), com ampla experiência em reportagem e assessoria de imprensa. Cofundadora do portal Eufemea, trabalhou como repórter de Política do jornal Gazeta de Alagoas e como assessora de comunicação no Governo de Alagoas.

Raíssa França é jornalista pelo Centro Universitário Tiradentes (Unit), com experiência em assessoria de comunicação, marketing, redes sociais e redação. Cofundadora do portal Eufemea, também escreve contos e crônicas no blog www.omundoderaissafranca.com

Memória da Pandemia nas Alagoas


Elen Oliveira 




Quando eu ingressei na Ufal, em 1991, o professor Luiz Savio de Almeida já era uma lenda. Nos corredores do antigo CHLA, hoje ICHCA (Instituto de Ciências Humanas, Comunicação e Arte), ele se postava a dar conversa a quem se aproximasse com a mesma atenção que dedicava a palestras, mesas de discussão e entrevistas. Entre 2008 e 2009, trabalhamos junto no antigo O Jornal, onde ele propôs a abertura de um espaço dialógico da universidade com a sociedade, por meio da publicação de artigos acadêmicos. Entusiastas do debate e da pluralidade, o então diretor, Gabriel Mousinho, e o então editor-geral, Roberto Tavares,  cederam espaço ao Espaço, nome dado ao suplemento quinzenal publicado entre setembro de 2008 e 2012, quando o veículo foi extinto. À época editora-executiva e de Suplementos, eu editei a publicação até 2009 com Alexsandra Vieira, que era editora do caderno de Cultura, o Dois. Reformulado, tornou-se posteriormente Contexto, no jornal Tribuna Independente, até materializar-se em Campus, o suplemento semanal que é veiculado no jornal O Dia e reproduzido n’o Campus do Savio, o blog de múltiplas falas com o qual colaboro esporadicamente.

O longo parágrafo de introdução foi escrito para contar como chegamos a Jornalistas e a Pandemia, proposto pelo professor Savio como parte do projeto Memória da Pandemia nas Alagoas, que ele está a construir desde abril e que reúne relatos vindos de representantes dos povos indígenas, artistas, intelectuais e integrantes de áreas diversas sobre o atual momento. Ele propôs, e eu aceitei, que organizássemos uma seção para compor essa construção feita a muitas mãos. “Quero deixar um imenso painel para um pesquisador no futuro”, informa o pesquisador, que há tempos constrói fundamental acervo da memória sobre Alagoas.

 



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