quarta-feira, 29 de julho de 2020

Leide Maria Pereira Raymundo. Foi preciso tudo isso para acordamos






Leide Maria Pereira Raymundo
 
  iya gum ekedy de oya filha de D'Niboó raízes Omoketa.





Meu nome é Leide Maria Pereira Raymundo, tenho 48 anos e na religião sou iya gum ekedy de oya filha de D'Niboó raízes Omoketa.

O mundo parou e nos tornamos frágeis, toda riqueza, arrogância e prepotência foi posto à prova. o mundo parou e talvez essa foi a única maneira de Deus e o sagrado nos chamar a razão para termos de volta a nossa fé,  o nosso amor pelo próximo, a nossa empatia, e solidariedade para com nossos irmãos. 

A pandemia veio e com ela não houve escolhas entre o pobre ou rico, o branco ou negro, todas as etnias tiveram percas irreparáveis e perdemos pais, avós, amigos, irmãos e amores... mas ainda assim a ganância, o ego, e a arrogância assolou de tal maneira em nosso mundo. foi algo tão grandioso e triste pra nos chamar a atenção, que diante de Deus e dos nossos orixás, voduns e nkisis somos iguais e o que realmente importa não é o luxo, o glamour o “eu posso mais” ou o “eu tenho mais”, mas sim nossa fé, nosso amor, nossa união para quem está de fora quando nos olharem enxergar apenas o amor para com seu próximo sem importar se é rico, pobre, umbanda, candomblé, católico, evangélico, e sim apenas almas diante de Deus e das forças da natureza. 

Foi preciso tudo isso para acordamos e rever nossos valores, nossa humildade, nossa união já muito esquecida, nossa fé reacendeu e nossa empatia cresceu. e hoje nos preocupamos com nossos irmãos de uma forma em geral. fomos obrigados a parar, pensar, nos aproximamos de quem amamos e cuidar um dos outros. também nos fez ver o quão pequenos e frágeis somos, e hoje temos o cuidado de nos proteger, proteger a quem amamos e a todos. 

Essa é minha opinião e a visão que tenho diante disso tudo que estamos vivendo





Pandemia e Cultos de Matriz Africana se configura como um espaço democrático para a expressão das diferentes perspectiva sob as quais os povos de terreiros e seus sujeitos vivenciam e compreendem este momento singular de isolamento social e enfrentamento da COVID-19.

Nesse sentido, apresentaremos artigos escritos pelos próprio atores e atrizes sociais que protagonizam o cotidiano dos terreiros alagoanos em suas práticas litúrgicas, saberes e fazeres cotidianos. São Yalorixás, Babalorixás, Ogãns, e Ekedes, além de Yaôs que trazem a público sua visão de mundo construída com base em sistemas culturais particulares, onde a circularidade, a reciprocidade e a celebração da vida como sagrada predominam.

Esses Xangozeiros e Xangozeiras, dispersos por todos os rincões de nossa anfíbia terra, trazem com suas vozes, cânticos e contos, valores e princípios que podem ressignificar a tragédia pandêmica e nos revitalizar a esperança de dias melhores. Na ótica do Axé, nada se esgota em si, tampouco se explica por si, pois natureza, ser humano e sagrado se interconectam como um só. Ao desfrutar desses textos, portanto é possível que nossos leitores e leitoras reavivam sentidos já esquecidos para a suas existências e, talvez, aprendam com os terreiros que a  verdadeira magia é o mistério renascer em vida.  

                                             Arapiraca, Julho de 2020, ano da Pandemia


                                        Odé Akueran Ibadan / Prof. Dr. Clébio Correia
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