quarta-feira, 29 de abril de 2020

Paulo Felipe Almeida.O CRISTÃO E A PANDEMIA. Memória da pandemia nas Alagoas (XXI)














O CRISTÃO E A PANDEMIA
Paulo Felipe Almeida


 Formado em Teologia, pelo Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil (STBNB) –Recife -PE e pós graduado em Webjornalismo, pela Universidade Estácio de Sá. É também professor de teologia no SETBAL - Seminário Teológico Batista de Alagoas, onde leciona as disciplinas de Introdução Bíblica, Ética Cristã e Organização Missionária da Igreja. Além disso, é Produtor de conteúdo e Co-Fundador do Projeto Liga Teológica, que promove o diálogo entre Cultura Pop e Teologia.

A Pandemia do Coronavírus é uma situação que a maioria de nós jamais pensou que iríamos viver. Situações como essa são extremamente difíceis de assimilar, tendo em vista, tudo aquilo que está envolvido diante dessa doença, que afeta nossas vidas de várias formas: nossa saúde, nossa economia, nosso emocional, nossas relações pessoais etc. Praticamente todas as áreas da nossa vida são atingidas por tudo que estamos passando. Diante de um contexto como esse, como proceder, ou melhor, como viver?
Acredito que não teremos uma resposta pronta para isso, mas acredito que alguns princípios básicos podem nos ajudar durante essa fase custosa. O verso bíblico de 1 Coríntios 13:13 diz o seguinte: “Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor”. O escritor e estudioso da fé cristã, William Kelly, descreve a fé, a esperança e o amor como “princípios morais centrais característicos do cristianismo” e são justamente esses princípios da fé cristã que acredito ser a base para conseguirmos viver em meio à pandemia.
A fé é a certeza daquilo que não se vê. Há coisas que não se compreendem apenas com a razão, como é o caso do amor, que não pode ser explicado através da lógica. A fé que vem de Deus nos leva a experiências que nenhum elemento físico pode nos dar, pois a fé começa onde terminam as possibilidades, ou seja, ela não está limitada a possibilidades, ela invade o reino da impossibilidade.
Na fé, nós vamos encontrar justamente a esperança, afinal de contas, em tempos de tanta insegurança e incertezas que estamos vivendo com essa pandemia, são a fé e a esperança que vão alçar nossas possibilidades a uma paz que não vai acabar mesmo em meio a esse contexto de insegurança. Uma vez, ouvi dizer que são nessas circunstâncias que a esperança é como um raio de sol que brota mesmo no mais absurdo escuro. Isso me lembra de uma ilustração que gosto bastante: “Certa vez um rei encomendou a dois famosos pintores um quadro cuja temática fosse a paz. Além de garantir que iria comprar os dois quadros, o rei anunciou que daria um extra para o artista que melhor retratasse a paz. No tempo marcado, eles trouxeram suas pinturas. O primeiro retratava um lago sereno, espelhando altas e pacíficas montanhas à sua volta, encimado por um céu azul com nuvens brancas como algodão. Todos os que viram este quadro acharam que ele era um perfeito retrato da paz. O outro quadro também tinha montanhas. Mas eram escarpadas e calvas. O céu, ameaçador, derramava chuva e relâmpagos. Da encosta da montanha caía uma cachoeira espumante. Não parecia nada pacífica. Mas o rei, experimentado nas artes, olhou com vagar e viu ao lado da cachoeira um pequeno ninho numa fenda da rocha. Mamãe pássaro e seu filhote repousando em segurança. O rei escolheu a segunda. Sabe por que? Porque paz, explicou o rei, não significa estar num lugar onde não há barulho ou problemas. Paz é um estado de espírito. É a capacidade de estar no meio disso tudo e ainda manter a calma do coração”. A Fé em Deus e a esperança nos dão paz em meio a qualquer situação. Provavelmente, vamos reclamar, vamos chorar e vamos sentir angústia em determinados momentos, mas a esperança nos dará força para superarmos esses sentimentos, uma vez que ela nos dará a certeza de que tudo isso irá passar. E é essa esperança que nos leva ao amor.
O amor é o maior dos princípios que o texto bíblico nos trouxe, afinal, o amor não é centrado em si mesmo. Quem inaugurou um Reino de Esperança foi Jesus Cristo, quando nos deu sua vida numa cruz para nos salvar! A maior mensagem do cristianismo é esse amor incondicional despendido a nós, sendo nós ainda imerecedores, reles pecadores; é um amor gracioso. O amor é o sentimento mais nobre, ele é insuperável não se tratando de algo que aliena ou cega, mas que ama “apesar de”, ou seja, é algo que conhece nossos defeitos e, ainda assim, decide amar. Não é a toa que os dois maiores mandamentos deixados por Jesus Cristo envolvem o amor. Veja o que Jesus disse: “Respondeu Jesus: ‘Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento’. Este é o primeiro e maior mandamento. E o segundo é semelhante a ele: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’” (Mateus 22.37-39). Talvez, esse seja o momento de demonstrar a todos esse amor ao próximo, exercitar mais do que nunca a empatia, não por ideologia, mas porque é mandamento de Jesus Cristo para nós que temos de que Ele é o nosso Salvador, que nos deu a esperança de uma vida plena ao demonstrar a prova maior de amor que este mundo já viu ao entregar sua vida por nós. Portanto, é nosso dever fazer o mesmo: “Nisto conhecemos todo o significado do amor: Cristo deu a sua vida por nós e devemos dar a nossa vida por nossos irmãos” (1 João 3.16). Em meio a todo esse contexto de pandemia, ser cristão é ter fé em Deus, esperança de que tudo vai passar e, acima de tudo, amar incondicionalmente o nosso próximo.

Projeto Memória da Pandemia nas Alagoas
Coordenação
Luiz Sávio de Almeida e José Carlos Silva de Lima
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